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O primeiro Concílio de Niceia, celebrado há precisamente 1700 anos, é, sem dúvida, um marco miliário na história do cristianismo e da Igreja. A ocorrência deste centenário da primeira reunião ecuménica celebrada no ano 325, é o pretexto para a presente obra coletiva em que são propostos diversos olhares sobre o mesmo acontecimento.

Efetivamente, se há momentos da história que se prestam a múltiplas, e nem sempre convergentes, leituras, Niceia-325 é um deles.

Sem pretendermos abranger todas as leituras possíveis nem esgotar alguma delas, propomos nesta obra algumas portas de acesso que permitam ao leitor de hoje revisitar o contexto e os factos, precedentes e contemporâneos, desse grande acontecimento que, tanto do ponto de vista histórico como simbólico, assinala um dos momentos mais marcantes da história do cristianismo. E não é apenas pelo Credo que ainda continuamos a professar como niceno (constantinopolitano), mas por muitas outras razões que o leitor captará melhor nas páginas e abordagens complementares deste livro.

Este livro quer ainda mostrar como esse evento extraordinário se inscreve num processo histórico e teológico que reflete bem as complexas dinâmicas de uma Igreja inserida na história.

Daí que este livro dê tanta importância aos contextos históricos e doutrinais, propondo ao leitor uma reavaliação dos factos a partir das próprias fontes mais antigas e fiéis aos acontecimentos.

Retomando a Bula papal de proclamação do Jubileu de 2025, não deixamos de alimentar a esperança de que estas páginas ajudem a reavivar o desejo de unidade ecuménica do Filho de Deus, que é também a vontade do Pai: “Que todos sejam um só, como Tu, Pai, estás em mim e Eu em ti; para que assim eles estejam em Nós e o mundo creia que Tu me enviaste (Jo 17,21)” [Spes non confundit].

É professor auxiliar da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa. Tem realizado diversas investigações e publicações no âmbito da teologia patrística.