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Ao longo de toda a vida surgem, de forma inesperada, momentos contemplativos. Neles resplandece algo que todos trazemos dentro de nós e que, com frequência — quem sabe porquê? — preferimos ignorar. Há algo de contemplativo no assombro das crianças, sem dúvida. Também nos sentimentos que emergem diante de uma doença grave ou de um sofrimento particularmente intenso. Alguns chegam à contemplação através do serviço humilde e aparentemente inútil; ou quando a morte bate à nossa porta — o que é inegável —, colocando em causa tudo aquilo que temos entre mãos.
O mestre Franz Jalics escreveu estas páginas com o intuito de apresentar o caminho contemplativo de modo simples e, ao mesmo tempo, rigoroso. Aborda a questão tanto em termos conceptuais como, sobretudo, a partir da experiência, oferecendo testemunhos na primeira pessoa. Ao mesmo tempo, reflecte sobre as relações entre contemplação e fé, ou com a filosofia, a Sagrada Escritura e a mística, com outras formas de oração e com a vida activa. Uma convicção percorre todo o texto: se o caminho contemplativo tem verdadeiramente importância, não pode ficar à margem da nossa vida quotidiana.
Franz Jalics nasceu em Budapeste (Hungria), em 1927, e foi membro da Companhia de Jesus. Ensinou teologia na Argentina, onde esteve sequestrado durante mais de cinco meses pelos esquadrões da morte. Após essa experiência traumática, a sua vida sofreu uma reviravolta radical, orientando-se para a prática do silêncio e da meditação. De 1963 a 2014, dedicou-se a orientar retiros espirituais e exercícios contemplativos, primeiro na Argentina, depois nos Estados Unidos e, a partir de 1978, em Haus Gries, na Alemanha, onde fundou uma casa de espiritualidade que se tornou centro de peregrinação para muitos dos seus discípulos. Faleceu na sua cidade natal em 2021.
Jalics propôs-se ensinar a viver uma vida contemplativa. Considerava, em particular, que a oração de Jesus constitui um caminho acessível para alcançar a contemplação no quotidiano. Entre as suas obras destaca-se Exercícios de contemplação (1998), traduzida para as principais línguas e que o consagrou como um dos mestres espirituais mais reconhecidos da Europa. Merecem ainda referência Escutar para ser. Dimensão contemplativa das relações interpessoais(2021), Manual de oração (2022) e, por fim, Jesus, mestre de meditação. O acompanhamento espiritual no Evangelho(2012), o seu legado definitivo.